sexta-feira, 13 de junho de 2025

Chefe da Ferrari alivia atrito com Hamilton e Leclerc em Miami

Pilotos protagonizaram momento tenso por troca de 
posições durante  Grande Prêmio


Nome: Artur Povoas, Daniel França, Renato Ribeiro e Breno Bonadia.
Fonte: sportbuzz.com.br
Em: 23/05/2025


Legenda: Hamilton e Leclerc pilotos da Ferrari
Créditos: planetf1.com

Oscar Piastri venceu com autoridade o GP de Miami, mas o drama da corrida aconteceu longe da liderança. No meio do pelotão, a Ferrari protagonizou um episódio raro e desconfortável envolvendo ordens de equipe que escancararam a tensão entre Leclerc e Lewis Hamilton. Os dois pilotos trocaram de posição duas vezes sob instruções do time e terminaram em sétimo e oitavo, em uma corrida que levantou dúvidas sobre a gestão interna da Scuderia.

A situação exigiu explicações detalhadas de Frederic Vasseur, chefe da equipe. Para ele, apesar do evidente incômodo dos pilotos durante a prova, o plano foi “bem executado” e seguiu as diretrizes do time. “Entendo a frustração dos caras nos carros, mas no final foi tudo bem executado. Demos a Lewis a chance de ir na frente porque seria impossível ultrapassar,  e seria uma oportunidade para ele alcançar Antonelli. Acho que fizemos um bom trabalho”, afirmou Vasseur, tentando conter o desgaste.

Hamilton largou apenas em 12º, quatro posições atrás de Leclerc, mas teve um bom ritmo inicial e chegou à zona de pontuação após 23 voltas. No giro 34, ultrapassou Carlos Sainz e se aproximou do companheiro monegasco. A Ferrari, então, ordenou a inversão de posições. Hamilton assumiu o sétimo lugar na volta 40, com pneus médios, mas não conseguiu abrir vantagem nem se aproximar de Andrea Kimi Antonelli, da Mercedes.

Rádio quente e críticas públicas w2O ambiente tenso ficou claro nas comunicações por rádio. Hamilton reclamou da falta de “trabalho em equipe” e demonstrou frustração com o ritmo. Leclerc, por sua vez, pediu que o companheiro acelerasse para evitar o chamado “ar sujo” — o efeito aerodinâmico que prejudica o carro que segue de perto. O monegasco ainda questionou a real possibilidade de alcançar Antonelli.

A equipe, percebendo que a estratégia não surtiria efeito, ordenou nova troca a cinco voltas do fim. Leclerc retomou a sétima posição, e o mal-estar ficou evidente, mesmo após o fim da prova. Hamilton, embora evite pedir desculpas, não escondeu a insatisfação. “Compreendo a política da equipe”, afirmou, “mas a decisão demorou demais. Se era para tentar algo, deveríamos ter feito antes.” Leclerc adotou tom mais diplomático, mas também preferiu deixar as conversas para o ambiente interno.

Decisões difíceis e política ferrarista wVasseur foi transparente ao reconhecer que a equipe poderia ter sido mais ágil, mas lembrou a complexidade da tomada de decisões durante a corrida. “Você não tem 30 minutos para analisar todos os dados. Está tudo acontecendo em tempo real. Às vezes, uma volta faz a diferença.”

A Ferrari segue apostando em uma política clara de ordens de equipe, algo que, historicamente, sempre gerou polêmica dentro da escuderia. Desde os tempos de Barrichello e Schumacher até episódios mais recentes com Vettel e Leclerc, as estratégias de prioridade de posição têm sido um terreno minado.

“Nós estamos correndo pela Ferrari. Quando tomo uma decisão, não é por um piloto ou outro, é pela equipe. Mas entendo perfeitamente que, dentro do carro, essa percepção é outra. Estamos falando de campeões, de pessoas que querem vencer a cada fim de semana”, explicou Vasseur.

Ecos de um passado já conhecido. O episódio remete a fantasmas antigos da Ferrari, especialmente quando decisões de equipe se tornam públicas e mal administradas. A expectativa de uma convivência harmoniosa entre Leclerc e Hamilton já começa a ser posta à prova, mesmo com apenas algumas corridas de parceria. 

É inevitável a comparação com duplas marcadas por rivalidades internas, como Senna e Prost na McLaren, ou Hamilton e Rosberg na Mercedes. Internamente, a Ferrari tenta evitar que a tensão escale. Mas a combinação de um Leclerc consolidado no time e um heptacampeão como Hamilton traz naturalmente um jogo de forças que precisa ser bem gerido.

O que está em jogo mais do que pontos em uma corrida, o GP de Miami foi um alerta. Em um campeonato ainda em aberto, qualquer conflito interno pode custar posições importantes no Mundial de Construtores. Com a Red Bull enfrentando instabilidades e a McLaren em ascensão, a Ferrari tem, talvez como nunca nos últimos anos, uma chance real de brigar no topo. Mas para isso, precisa ser mais do que rápida: precisa ser coesa.

A temporada ainda é longa, e Miami pode ter sido apenas um tropeço tático. Mas também pode ser o início de uma narrativa mais turbulenta, caso o time não alinhe estratégia e comunicação. A convivência entre dois grandes nomes do automobilismo pode ser uma força ou uma bomba-relógio.
Entre expectativas e realidade a chegada de Hamilton à Ferrari representa mais do que reforço técnico. 

É símbolo de um time que tenta voltar ao protagonismo absoluto da F1.Para que isso aconteça, será preciso mais do que um carro competitivo. A gestão de pessoas e egos será tão importante quanto qualquer atualização aerodinâmica.

A Scuderia precisa aprender com Miami. Se quiser disputar campeonatos, precisará alinhar suas estratégias com precisão cirúrgica, e contar com a colaboração irrestrita dos seus pilotos. Em um esporte onde milésimos de segundo fazem diferença, a harmonia interna pode ser o detalhe que define títulos.

O episódio remete aos antigos da Ferrari, onde ordens de equipe criaram tensões internas. A chegada de Hamilton trouxe ambição e atenção global, mas também a necessidade de gerir dois pilotos com ambição de liderança.

Em um campeonato ainda equilibrado, onde a Red Bull oscila e a McLaren cresce, a Ferrari tem chances reais. Mas para disputar o título, precisará evitar que disputas internas prejudiquem a performance. Em Miami, a falta de alinhamento custou pontos, e revelou um desafio maior do que qualquer atualização aerodinâmica: a gestão de time e equipe.





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